Lena, de Helena mesmo, simples e sem historinhas, diferente de Chandele, Jujuba ou Meia noite, todos esses apelidos criados a partir de uma conversa na saída do colégio, um esconde-esconde na rua e um pega a bola.
Lena tinha acabado de mudar-se, estava fazendo um churrasco para comemorar a sua nova casa, ia morar com o irmão sob supervisão da mãe.
Lena tem muitos sonhos, ama as cores, viciada em pessoas, adora música e não sabe cozinhar mas decidiu organizar um evento em sua nova casa. Ninguém havia chegado, o irmão foi comprar gelo, a casa ainda estava vazia, a mudança só chegava na segunda.
Mesmo sem saber acender o fogo, temperar a carne e abanar, Lena começou sua aventura ao preparar uma lingüiça só a esqueceu de desenrolá-la do pano. Fez fogo, no pano. Lena desesperou-se, lembrou da cena que a moça pegava fogo no circo, mas era pra valer, poderia ser um indicio de um desastre, um incêndio. Não era nada demais, apenas um pano pegando fogo, pegou e o arremessou muro afora.
– Oh de casa!
Lena, chamou mas ninguém aparecia, de cima do muro viu a luz de fora acesa, seu “churrasco” estava no capo do carro do vizinho, insistiu,’’ mas nada.
– Oh de casa!
Imaginou quem poderia morar naquela casa, devia ser um velho daqueles bem ranzinza cheio de tics ou então um alcoólatra, vai saber.
Lena enquanto chamava o vizinho pensou no que estaria prestes a se tornar, pela primeira vez havia tomado uma decisão sem ajuda de ninguém, decidiu que precisava de um canto seu, uma vida, um coração. O coração não precisava ter pressa, a vida se encarregaria disso com o tempo.
-Oh de casa!
Um rosto coberto pela fumaça do churrasco, uma voz masculina enfurecida, a porta abre, um diálogo sem nexo, um rosto lindo, a procura, o coração. Lena não conseguia mais processar o que o vizinho falava, e como ele falava.
Mais um ótimo texto! Gostei de verdade.
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