Que seja o que for (por amor)

aula parque-2

Fabrício pensou que tipo de vizinha seria aquela, parece maluquinha, mas gostou do jeito dela, só não queria problemas, toda vizinha acaba sendo problemática, a história sempre se repetia.

Se Lena morasse mais um mês ele tentaria alguma aproximação. Ela já estava morando ali há oito meses e pouco se viam, algo precisava ser feito.

– Ótima hora para pedir uma xícara de açúcar. Pensou Fabrício.

Vestiu uma blusa desbotada do Legião (a mesma de sempre, não costuma comprar roupas), calçou o chinelo do Flamengo, por fim uma bermuda bege pra mostrar o quão horroroso era morar sozinho.

– Oh de casa! (vai começar a mesma ladainha, penso eu, que escrevo)

Esperou

– Oh de casa!

Não devia ter ninguém em casa, ao contrário de Lena, Fabrício era um pouco inquieto. Imaginou que se ninguém atendeu ou se manifestou é porque não deve ter ninguém, decidiu ir embora.

– QUEM É?

“Caraca, deve ser a mãe dela, gritando desse jeito,ah meu Deus.” Pensou Fabrício mas não quis acreditar.

A janela da frente abre, um cheiro de incenso barato com uma trilha indiana de fundo, só podia ser a própria Vishnu (A deusa indiana criadora de tudo) misturado com Bob Marley, por que o cheiro de maconha estava forte e o incenso disfarçava pouco.

– Opa! Eu sou o Fabrício, o vizinho aqui do lado, estou lhe atrapalhando né? outra hora eu volto….

– Lena, nos temos vizinho na casa ao lado?

Lena aparece na outra janela.

– Sim, eu comentei com voce, o lance da toalha no carro do dele.

– Ah tá, dane-se, estou em transe e pelo olhos dele vejo que ele também deseja transar, ops, entrar em transe. Peço perdão, não sou eu, estou com a entidade de Parvati (Não sei qual é esse deus hindu), sou o irmão dela, depois nos falamos ahummmmmmmmmmmmmmmmm.

Fabrício ficou vermelho, procurou um buraco para se enterrar, permaneceu imóvel até que Lena quebrou o silêncio.

– Não liga, ele fala muita asneira, tá chapado de maconha, sempre fala besteiras.

– Tá, tudo bem, eu vou indo…

– Mas já? E o que você queria? Posso ajudar?

– Nem era tão sério assim, eu esqueci.

– Fala sério, o que você tava fazendo antes de vir aqui?

Fabrício pensou em dizer que imaginou ela a tarde toda, que desejou envolve-la em seus braços, arrancar-lhe o ar com um beijo capaz de leva-la as estrelas enquanto tocava seus cabelos vagarosamente deslizando seus dedos até as suas pontas.

– Nada.

– Então por que demorou pra responder?

– Hã

Caralho! já estava apaixonado, ele podia não saber, mas esta atitude o entregou. Ficou mais vermelho ainda.

– Na verdade eu vim pedir uma xícara de açúcar, parece idiota, essa hora da noite e um vizinho bater na porta e…..

Fabrício ficou falando sozinho, ela tinha entrado, achou-se um tremendo idiota, melhor ir embora.

– Aonde você vai?

Lena já estava atrás dele

– Serve no copo?

– Claro

Neste exato momento, enquanto trocavam o copo de mãos puderam sentir o calor entre os dedos um do outro.

“Que droga! vou me apaixonar denovo” pensou Lena.

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