São 14h30, uma marola invade a janela da firma, cheiro amigável para Isabele, recepcionista, que namorou o Guto, que lhe apresentou a religião Rastafari, pouca pregação, muita fumação, coisa boa. Isabele conhecia pelo cheiro se era prensado ou puro, extraido apenas das flores. Cannabis Brother!
Ela queria ter falado alto, mas poderia não ser bem aceita no escritório de contabilidade onde havia um crucifixo enorme na parede, ali Jesus ficava olhando de canto de olho para quem enrolava no trabalho, Isabele queria enrolar outra parada.
– Todo dia agora é isso, esses vagabundos ficam fumando maconha aqui embaixo do prédio, vou ligar pra polícia.
– E adianta? Hoje em dia a maconha não dá flagrante, o cheiro é que incomoda mesmo, fecha essa janela!
Enquanto Almeida e Roberto fechavam todas as janelas, Isabele ria por dentro ao saber o que atraía aqueles garotos pra fumarem maconha no pé prédio, a wi-fi liberada. E foi graças a ela que a internet continuou sem senha. Do escritório se ouvia as risadas, as músicas de estilos variáveis.
– Porra! Ouvir funk é sacanagem.
– Isso é eletrônico, é diferente.
– Você escuta essas músicas Isabele?
Ficou compenetrada em seu trabalho, o cara da parede estava pronto a dedurar os preguiçosos.Lá embaixo se ouviu:
– Valeu Isabele!
Os chefes entreolharam-se.
Isabele cansou de enrolar, desceu e foi enrolar com os brothers.
Internet livre, viva a liberdade!