Durante o credenciamento, tumulto, gente mexendo no celular, mulheres histéricas, chihuahuas latindo e muito terno pra pouco defunto. Clark havia se perdido de Jimmy, com tantos protestos nas ruas nós sabemos onde um fotojornalista gosta de trabalhar. A posse do novo presidente do Estados Unidos estava muito competida, concorrida. Políticos apagados na gestão Obama, militares e muitas socialites. socialights . As Os Kardashians não conseguiam conter a emoção e a inveja. Clark estava desatualizado sobre os bastidores da política americana. A última briga com Lex Luthor ocupava sua mente em momentos de folga. Mas, imagine você saber que seu inimigo está mandando snaps para Lois, que por sinal é sua esposa. Por uma simples cabeçada, Lois tinha feito Clark dormir na sala por uma semana, coisas que um homem casado às vezes precisa sentir na pele. Segundo Lois, não eram nada demais. Algumas mensagens românticas e um pouco de seminu (careca conta). Brincadeiras que nunca foram de se esperar do último conservador vindo de Kripton, que tinha tudo para ser um planeta foda, mas que sem moeda, resolvia tudo era na força e no raio laser. Deu no que deu. Ainda bem que Jonathan e Martha Kent já tinham parado de usar umas coisinhas e viram que tinha um menino na nave que veio do céu. Salve a cultura racional da gringa!
– Gravador não entra!
Segurança com cara de mau.
– Mas como irei decupar o discurso do presidente?
– Caderninho de anotações também não entra! Nem caneta. Só celular, mas não tem rede.
Clark pensou em ativar o olho vermelho de fogo naquele segurança, mas lembrou que já havia um Kent Lane Júnior em casa pra alimentar, pagar escola, levar ao parque… Existe superpoder pra tudo, mas pra ganhar dinheiro, só trabalhando mesmo. Ainda na fila imaginou que merda iria fazer naquele lugar sem gravador e sem o parceiro fotógrafo. Tudo seria televisionado do jeito que o novo chefe gosta, só que pela sua emissora, a Fox, de forma careta e tediosa. Provavelmente fizeram curso com a nossa EBC (Empresa brasileira de Comunicação). Ainda na fila, um jovem segurando de forma desajeitada uma Pentax entrava sem parceiro. Clark precisava garantir um furo. A coisa não estava fácil nas redações. Basta olhar o que aconteceu com a Playboy.
– Quanto você quer para fazer uma foto pra mim?
– Eu te conheço.
– 100 dólares.
– Você é o Superman!
– E você o Pateta.
– É sério! Fiquei olhando mas agora tenho certeza, esse cabelo com esse olhar de galã de comercial da Avon… É o Superman!
– Isso é passado, mas pelo meus velhos instintos você também não é normal.
– Peter Parker, sou fotografo do News Luthor.
– Trabalhar para o cara que quer, ainda vai, mas comer minha mulher não pode ser normal.
– Eu preciso de 100 dólares, vou pedir minha namorada em casamento.
– Se tu soubesses o buraco que vai entrar, não cavaria.
– Como é? Vai precisar de uma foto ou não?
Era trato feito, afinal Clark não podia vacilar. Entraram e acomodaram-se. Cerimônia careta, Obama com um sorriso branco e feliz, família com cara de foto da revista Quem, todos sorrindo e batendo palmas, mas no fundo com aquele sentimento de “vai dar merda”.
Apos o discurso, Peter já havia feito a foto, foi aberto para algumas perguntas, todas sobre economia, Israel e Palestina, petróleo, geração de emprego, qualidade de vida, saúde, fronteiras, aquecimento global. Para Clark não sobrou assunto nenhum de interesse relevante para o Planeta Diário. Em sua vez aproveitou e fugiu das perguntas tradicionais, resolveu captar uma resposta espontânea.
– Presidente Trump, como vai ficar sua vida pessoal? Sendo mais especifico… e quanto ao sexo?
– Vai ser foda. Não tenho nenhuma estagiária aqui.
– Se fosse Hilary, iria chover. Garanto!
Clark foi expulso, mas tinha um furo. E um emprego.
Obrigado Peter