Calçou o sapato, vestiu o casaco e colocou um halls no bolso.
– Vou na rua, quer algo?
– Traz lenha!
– Isso não se vende!
– No Juarez, ao lado do salão. Aproveita e traz uma caixa de papelão.
– Pra quê?
– Pra acender o fogo, tem 3 meses que não temos mais gás em casa e você ainda fica perguntando. Vai logo! antes que chova.
Passou a mão nas chaves que estavam ao lado da TV.
– Mas eu vou de carro.
– Paramos de colocar gasolina quando o valor passou de 5 reais.
– E o que vamos almoçar?
– Sopa!
– Mas comemos isso ontem na janta.
– E iremos jantar sopa de novo.
– A gente podia comprar um bife, heim.
– Não precisa, eu tenho.
– Salvou meu dia.
– Tirei três bifes da minha unha, é pegar ou largar.
– Tudo isso é a mídia querendo nos confundir.
– Pelo jeito estão acertando em cheio os donos dos mercados.
– Nós somos um país rico, nós plantamos e produzimos tudo.
– Parece que combustível e carne não.
– Já sei podemos virar vegetarianos, assim plantamos o que vamos comer. E ainda podemos ter um cavalo, mais saudável e não polui.
– Eu até gosto de verduras mas, nós moramos em um apartamento, mal tem espaço para nós e ter um cavalo é judiação demais ele aguentar você em cima dele. Inclusive já temos uma bicicleta, lembra?
Desistiu do diálogo, precisa ir pra rua.
– Vou nessa!
– Não esqueça a lenha.
Pegou a bicicleta e uma sacola retornável do atacadão. Iria pegar qualquer pedaço de pau e galho da árvore na rua, hoje ele iria comer um bifinho, nem que fosse de fígado.