Indo para o trabalho, 11h40, dia de sol no outono.
Todo dia é uma aventura no ônibus.
– Vai descer motorista!
E lá vai o camarada caminhar 500 metros na chuva até um abrigo para depois chegar em casa, secar-se e pensar por que não foi de carro. “Sacanagem!” ele pensa a respeito da vida que o escolheu para fazer jus ao dia de cão.
– Gente! Desculpa incomodar vocês mas é que eu estou vendendo esse fone de ouvido para sustentar a minha família, quem puder segurar já é um incentivo .
Nessa de incentivo ele sempre esquece que deixou um com os passageiros da frente, desce pelo fundo agradecendo e desejando boa viagem e que Deus proteja o cobrador e o motorista dos caloteiros.
– Olha aqui, Tifany! Quando eu chegar em casa nóis vamo cunversá, porque não tem cabimento você ter comido mais da metade do ovos de páscoa que eu comprei pra você e seus irmão. Eu espero que ti dê uma diarreia, quando eu chegar nois cunversa, eu tô no ônibus, com aquele motorista lerdo da porra!
E assim vou captando a essência da vida de cada um durante a viagem. Quando desço:
“Três bandeja é cinco!”
“Vai seda! Vai seda!”
“Película, carregador é cinco!”
“Salgadinho, pimentinha é um real”
“Água, água, água, água, água, água, água”
Voltando pra casa, dia de chuva no verão
Final de semana chegando.
Sexta feira chuvosa, todo mundo doido pra ir pra casa. Na correria, ônibus abafado, gente correndo, empurra empurra, um manda abraço do colega do trabalho, deseja bom final de semana e até segunda. Alguém grita:
– Fone de ouvido 5, carregador 10!
O cheiro de churrasquinho invade as narinas, o povo tem que passar por um corredor com vários vendedores de seda pra maconha até roupas de carnaval.
Meu celular tenta ser furtado duas vezes enquanto tiro a foto.
Isso já é Brasília faz muitos anos.
E ainda tem alguns que falam que somos privilegiados. Boa, mestre
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