O clima de dia de pagamento, um momento de alegria, piadas e risadas o tempo todo, copo nenhum permanecia vazio pois a conclusão era uma só:
– Hoje eu to pagando!
Em uma ponta da mesa o mais novo integrante do clube Amantes da sexta, Henrique, namorando, trabalhando em um banco e estudando engenharia, vai se dar bem na vida. Na outra ponta o mais velho, um bebedor de primeira,mas nunca deu vexame e nem perdeu uma rodada de baralho, o líder do nosso rebanho, Maurício.
Entre este dois extremos estão pessoas como eu e você, que bebe mas não exagera, que manda mensagem pra esposa dizendo que o trânsito está terrível e vai atrasar, gente que está passando na padaria pra ninguém levantar cedo no sábado. O segredo é sempre levar um chocolate e uma dose de bom humor, depois de tantas doses, esta não pode faltar.
Quem trouxe o Henrique foi o primo dele, o Cléber, meio caladão mas possuía um bom coração, sempre deixava um de nós em casa. Já o Maurício fundou o grupo, pelo simples fato de ter feito merda no passado, escolhendo a mulher errada pra casar.
Música animada com assunto divertido, falar mal de quem não veio.
– Pau mandado! Disse Betão
– Sempre desconfiei que mordesse a fronha, por isso eu bebo, fumo e aposto. Comentou Maurício
– As vezes é só um resfriado (virou o pescoço e bateu a mão duas vezes na mesa). Argumentou o Henrique
No terceiro encontro todos já haviam percebido algo de estranho em Henrique, ele possuía cacoete para tudo que fazia, pra levantar cheirava a mão, pra cumprimentar coçava as costas antes e pra pagar a conta esfregava o cartão de crédito na testa. Maurício um eterno gozador, não pode deixar de reparar nas manias do amigo e quando ele sentou esfregando as mãos na mesa, de lá gritou:
– Chegou o Henrique, Cheio dos tiques.
Henrique ficou pensando naquilo enquanto o amigo bebia, fumava, mentia pra mulher no celular e apostava qualquer coisa com a mesa, sem pestanejar respondeu:
– Mas a conta de hoje é do Maurício, cheio dos vícios.
E nós ali no meio pensando na desculpa dessa sexta.