Marcelo não disse “Olá! Em que posso servi-lo?” como de costume, também não deu um sorriso em troca. Logo ele que nunca se zanga, ele que mantém o bom humor dos funcionários pra cima hoje não queria ter ido trabalhar.
– O que adianta você ficar assim ? Perguntou João Henrique de apenas 20 anos, trabalhava com Marcelo no restaurante há um ano e meio.
– Eu não gosto de quem não tem palavra.
– Disse que paga nessa sexta.
– Ele falou isso há duas sexta-feiras, isso é um direito nosso.
Mas todo mundo da birosca sabia que há alguns meses o velho tava mudado, e para a pior, torrando tudo que caia no caixa em bebida, jogatina e putaria. Tudo isso por que pegou a mulher (continua casado) dando pro churrasqueiro, O Agenor (continua empregado), este por vez disse que fez em forma de protesto as péssimas condições de trabalho, já pensou se a moda pega ?
Toda vez que entrava um cliente no Barriga Cheia Marcelo aproxima-se e dizia:
– Esse arroz é de ontem.
– Essa carne chegou verde aqui.
– Essa maionese foi feita sem lavar as mãos, inclusive nem vá ao banheiro, está interditado desde cedo, estou meio mal devido uma tapioca que comi hoje cedo.
– E o que tem de bom pra comer aqui? Perguntou uma mulher que não iria desistir de comer por que o preço era o melhor atrativo.
– De bom só tem o abacaxi. Isso ele não podia negar
– Tudo bem, quero dois e um suco de limão.
– Só tem um. Disse Marcelo
– Hum hum, vou chamar o gerente. Senhor! Tem como pedir dois abacaxis para mim?
– Claro, Marcelo pega o outro abacaxi na dispensa pra moça. Mandou o velho
– Só tem esse.
– Como só tem esse, ontem eu trouxe dois abacaxis pra cá, o que você fez com o outro abacaxi? Perguntou o velho
– Levei e dei como presente de casamento a minha esposa seu filho da puta.
Ninguém comeu abacaxi naquele dia.
Na próxima, pague o 13º em dia.
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